Territorialidade e EAD: Diálogos para uma Educação Física Contextualizada

Autores

  • DIEGO RAMIRES SILVA SANTOS
  • SAIMO FERREIRA DE SOUZA
  • GABRIELA DE OLIVEIRA DE OLIVEIRA

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.17754247

Resumo

A Educação Física ofertada na modalidade de Educação a Distância (EaD) constitui um campo emergente que reconfigura práticas, saberes e territorialidades tradicionalmente associadas ao ensino presencial. A incorporação das tecnologias digitais amplia o alcance formativo da área, permitindo que estudantes situados em territórios diversos — urbanos, rurais ou periféricos — acessem conteúdos, atividades e mediações pedagógicas antes restritas aos espaços institucionais. Tal expansão, contudo, não se reduz a uma simples transposição de conteúdos para o ambiente virtual; trata-se de uma transformação epistemológica que demanda novas leituras sobre o espaço e o currículo. Nesse sentido, a categoria “territorialidade”, discutida por autores como Milton Santos e Rogério Haesbaert, torna-se essencial para compreender o fenômeno. Santos (2006) contribui ao evidenciar que o espaço é constituído pela indissociabilidade entre sistemas de objetos e de ações, sendo a EaD marcada pela racionalidade do meio técnico-científico-informacional. Essa lógica impõe temporalidades aceleradas, padronizações e procedimentos que influenciam diretamente as práticas pedagógicas e corporais propostas no currículo da Educação Física. Por outro lado, Haesbaert (2011) amplia a análise ao introduzir a noção de multiterritorialidade, mostrando que os estudantes mobilizam diferentes territórios identitários e vivenciais — como a casa, a comunidade ou espaços improvisados — para a realização das atividades práticas. Assim, a EaD produz processos simultâneos de desterritorialização e reterritorialização, nos quais os sujeitos ressignificam seus espaços cotidianos como ambientes formativos. A articulação entre currículo, território funcional (institucional) e território vivencial (experiencial) revela que a Educação Física em EaD pode tanto reproduzir desigualdades quanto promover diálogos contextualizados. Conclui-se que a potencialidade transformadora da modalidade depende da capacidade do currículo de reconhecer e valorizar a diversidade territorial dos estudantes, evitando soluções homogeneizadoras e promovendo uma formação crítica e socialmente situada.

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Publicado

28-11-2025

Como Citar

SANTOS, D. R. S., SOUZA, S. F. D., & DE OLIVEIRA, G. D. O. (2025). Territorialidade e EAD: Diálogos para uma Educação Física Contextualizada . Maiêutica - Atividades Físicas, Saúde E Bem Estar, 8(2). https://doi.org/10.5281/zenodo.17754247